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Nunca serei grande festeira, nem tão pouco, alguma vez me negarei à festa que encerra as festas.
Tanto e sempre se hão de multiplicar as mãos postas ao alto, as nassas erguidas na cana, as sombrinhas do avesso, quanto certo é tornar a vontade de pão doce, seco e duro, a saraivar no abrir do ano.
Toca a sineta!
Aí vai o meu peso em cavacas, Santo da minh' alma!
Aqui estamos, para as receber, e se a disputa se faz grande, maior será a reinação.
Tudo folga, tudo dança, a alegria é geral e é grande e boa, a festa. Faça chuva ou faça sol, é grande e boa, sim senhor!
Que o nosso Menino, rapioqueiro, casamenteiro e milagreiro do melhor, bem a merece!
Basta dar-lhe uma palavrinha, em tudo nos há-de atender – Ai sim, Ai sim! – sem esquecer tento na língua, quando dele se falar – Ai sim, ai não!
Deixo-te um ramo de cravos, Santo do meu coração!
Quanto cresceu o nosso Menino!
Quanto cresci eu, também.
Caminho por entre o multidão, ao longo das tendas que eram poucas e agora são muitas, como o povo. Estou sozinha.
Procuro pela bola de serradura, embrulhada no papel de prata, que a guita divide em gomos. Escolho o dedo para o elástico. Olho a mão e está vazia.
Procuro a mão de J, filho de L e pai de L que teve um avô J como eu tive, e que por ser eu, não vai deixar J nenhum.
Olho a mão e não está.
Onde está a bola de serradura, que me prometeste pela festa?
Onde estás?
A subir as escadinhas, para ir pagar a promessa? Junto ao coreto, a ouvir a banda tocar? À porta da capela, depois da missa, talvez…
E é já hora de comer. Almoço farto, almoço de celebrar em família, um bairro inteiro a celebrar, uma só família em festa!
Onde estás? Onde estão todos?
Vejo agora que tanto cresceu a festa, quanto a minha festa mingou, mas a festa ainda é, e será, um eu maior.
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