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Tanto quanto eu,
raparigas,
e eu só rapariga ainda,
não,
tinham já conquistado,
pela força do trabalho,
o nome de mulher,
As Mulheres da Seca!
Tão iguais e tão diferentes
fomos e somos,
mulheres!
Acorda!
Sabes que dia é hoje?
Sei! É hoje! Acorda!
Sabes que horas são?
Sei! É agora! Levanta-te!
É hoje? O quê, agora?
É hoje, é agora e se não te levantas, é já e é aqui!
Não sei porque aconteceu assim ou porque é que teria de ser de outra maneira.
Por vezes, nem sei o porquê de as minhas pequenas diferenças, me afastarem das outras mulheres...
se no fundo sou igual a qualquer outra.
Telefonema a solicitar a minha "especial sensibilidade" na resolução de problema delicado. Estranho a ironia e consulto o relógio. Será esta a hora de talião?
Não me mandaram ter os olhos secos e abertos e os dentes bem cerrados? Não me aconselharam a deixar crescer a barba e a falar grosso?
Os pés querem-se junto a chão, desce dos saltos! Pulso forte não pinta as unhas! Quais eram as palavras certas? "Ide-vos todos f…!"
Demora-se o telefone na emoção do pedido. Onde vou, agora, buscar a sensibilidade? Cerro os olhos e passo a mão na cara, para sentir a barba rija. Dou passos firmes, em biqueiras de aço. Cravo as unhas no peito. Sim, tenho os tomates junto ao coração. Que animal estranho me tornei...sem nunca ter deixado de ser uma mulher!
Concerteza, podem contar com a minha "especial sensibilidade"!
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