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Pelo tanto que aí já me aconteceu, tenho uma relação difícil com essa cidade. Da mais inocente alegria, à mais amarga das dores, por lá moram muitas das minhas memórias. Não a evito, também não a procuro.
Ontem, o dia foi pior que péssimo e nem me apetece procurar adjetivos mais acertados para o descrever. Não tenho por hábito, deixar transparecer desgraças. Dizem que é feitio e chamam-lhe… também não estou com vontade de arranjar outro nome para o que uns dizem ser reservado, outros… Na verdade, pouco importa porque há sempre quem consiga ver o suficiente através do meu nevoeiro, para me dizer que estou com o aspecto de quem caiu pelas escadas abaixo.
Foi assim que sem contar, me vi de rastos ao fundo das Monumentais.
As cabeças têm destas coisas, ou melhor dizendo e para não ofender ninguém, a minha cabeça tem esta coisa escusada de fazer transviar o pensamento para cenários alegóricos.
Lá estava eu estendida a olhar para os degraus em que nunca tropecei, até porque a minha escadaria foi outra, e a pensar que não podia estar mais colada ao chão.
Nestas coisas de dramatismo, confesso que gosto de cenários em grande, no entanto como o espetáculo é privado e tenho que me desdobrar entre a assistência e a representação, não deixo que a fita se prolongue por muito tempo. É muito cansativo e pouco proveitoso.
Como espectadora de mim mesma, tenho falta de paciência para a auto-comiseração. Como atriz, sou pouco dada aos papéis de vítima. Não me levo muito a sério e se há coisa que não me atrapalha é rir de mim mesma. Assim sendo, e não sei ser de outra forma, quando me dizem que estou com aspecto de quem caiu pelas escadas abaixo, respondo que só estou à espera que se forme uma virgem, para me caírem em cima as bolas de D. Dinis.
Sou esquisita, eu sei…
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