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Não posso querer Janeiro
Não posso!
Terei de o recusar!
Esconjuro, insulto, rogo pragas,
maldições!
Parto louça, espalho lixo,
arranco o cabelo todo,
cuspo fogo, se preciso for!
Janeiro não!
Todo o tipo de fitas,
dramas e angústias,
malabarismos diversos,
crises e horrores,
Comigo subirá
à cena a suprema insurreição!
Não o quero! Acabou!
E então…
Mais forte me ferra a fúria
e maior a raiva que me fere,
por crer que céu e sol,
conspiram verde,
contra a vontade que sou,
Contra mim, e porquê!?
Para que tome Janeiro por esperança!
Não posso querer,
não posso,
nem contra a verde esperança,
posso lutar,
mas há-de ser sem querer,
que aceito o irreprimível desejo
de amadurar!
Contrariada, a contra gosto,
o vou esperar
e cuidarei que seja doce…
Aguardo no corredor branco
e na parede branca do corredor branco
é possível medir a dor em
onze números alinhados,
é possível dizer a dor por
cinco frases curtas,
é possível colorir a dor com
seis faces distintas
Aguardo no corredor branco
e no fundo branco do corredor branco
é possível dar a volta ao tempo em
trezentos e sessenta graus,
é possível contar o tempo em
doze traços convergentes,
é possível ouvir o tempo numa
infinita cadência de estalidos
Aguardo no corredor branco
e peço ao tempo e à dor
que ainda seja possível...
manter o branco da esperança
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