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As coisas que me passam pela cabeça!
Cara Maria José… (é melhor, não. Vai pensar que é uma piada de mau gosto ou que lhe estou a regatear os honorários. Embora seja sempre tão solícita a oferecer os seus préstimos, não pode deixar passar a oferta sem que seja justamente remunerada. Se é do corpo que lhe sai o sustento, só faltava que não se fizesse pagar, e bem. Não quero melindres, nem isto é maneira de começar uma conversa. Parece coisa de carta, e quem escreveu a carta foi a outra. Entre ela e a outra, comum é o nome. Não só o nome, talvez, mas se muito importa o nome que nos dão, mais importa o nome que queremos. E se digo ela e for ile ou elu? Não sei ler elx. Já nem sei ler… estou perdida na gramática. Vejo-me à rasca para escrever e agora até a falar me ensarilho. Tenho a sensação de estar a caducar e assalta-me a certeza de em breve me tornar obscenamente ultrapassada nas palavras. Atormenta-me ofender, tanto quanto a possibilidade de vir a ter medo de dizer. Ficar sem voz, calada por medo… para o que eu estava guardada!)
Amiga Maria José… (mas amiga de quem, há-de pensar ela. Bom dia, boa tarde, isto e aquilo e mais o tempo, saúdinha, passe bem. Não há cá confidências, nem intrigas, conversas banais, nada ilustradas. Não me passa pela cabeça falar-lhe do "heterónimo feminine". Ainda esfreguei os olhos duas vezes, mas não é gralha nem miopia entranhada. Sou eu a entrar em declínio. Eu é que sou um asno, ou uma asna mal travada, que suporta a madre "reprodutora da norma". Coisa linda, estas imagens! Não me atrevo a questionar o género de Antónios que lhe passaram pela vida, nem dos serralheiros bem parecidos que namora. Esses conheço-os eu bem, ajudantes, oficiais, encarregados fluidos para me fazerem a cabeça em água ou de fibra neutra para me deixarem a obra em águas de bacalhau. Que se deve perguntar e não me atrevo… a mim ninguém perguntou nada: faz-te homem, mulher , o que é que custa?)
Ó Maria José… (vai-me mandar à erva, é quase certo)
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