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Tenho fraco sentido de oportunidade e insuficiência de vocação para conselhos avisados. Se não digo, é porque estou calada. Se falo, não digo nada. Ninguém perguntou, mas cá vai:
Sei, de fonte segura, que a mulher do coveiro vai à feira vender sapatos de defunto a quem os quiser comprar.
Sabemos todos que, por muito que nos cresça o rei na barriga, não fomos tidos nem achados quando se estabeleceu a ordem de nascer, crescer e morrer. Contra o que está determinado, nada podemos, e ainda assim, no meio tempo, acreditamos que do fruto que cai da árvore, pode nascer uma árvore melhor. Mas voltemos ao enterro.
Se, a meio do serviço, virem o coveiro pousar a pá para endireitar as costas e limpar o suor da testa, saibam que esse é o momento de lhe pagar.
O ano está com os pés pra cova, e já lá vem outro, a estrear, novinho em folha. Façam festa, comemorem, mas tenham atenção aos sapatos, quando se forem enfarpelar!
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