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Em busca da afinidade perdida

por esquisita, em 06.02.23

 

A mim, faz-me espécie que se apresente à portagem das compras, uma pessoa com o carrinho atestado, quando a tenda tem os minutos contados para encerrar. Não gosto, evito, por vezes lá calha. Convenço-me que não é por ruindade que se espera pela última badalada para saldar as contas, mas por mais que revire o catálogo dos argumentos, todos acabam por me parecer desculpas mal amanhadas. Cada um sabe os escrúpulos com que se cose…

[aqui, ficava bem escrever qualquer coisa sobre o respeito devido a quem trabalha no atendimento ao público e os variados abusos a que está sujeito; fica para a próxima]

Estava eu, na esperança da absolvição, a alinhavar umas quantas palavras simpáticas que me valessem as boas graças do cobrador, quando comecei a estranhar a cadência tranquila dos agudos "pis", indispensáveis na travessia para a outra margem. A pretexto da hora tardia, contava que me despejasse as compras, borda fora, a toda a velocidade, com o ar carrancudo dos ofendidos, para me fazer sentir ainda mais miserável. Contrariando a expectativa, o rapaz atentava em mim, sorridente e atencioso.

[aqui, estava para lhe chamar "menino da caixa", mas acho que isso é só para senhoras e raparigas. Até nas palavras, a mesma função pode ser outra; fica para a próxima]

Foi dando troco à minha conversa, aceitando de bom grado as razões que lhe expunha, até que ganhou balanço para me informar com grande satisfação, que talvez eu já não me lembrasse, mas tinha sido sua professora. Acontece que não é, nem nunca foi, esse o meu ofício, no entanto, como lhe vi tanto entusiasmo, para evitar o desengano completo, mencionei o parentesco muito próximo com alguém que faz do ensino a sua profissão. Aventei a possibilidade do equívoco ter origem na parecença física.

[aqui, vinha a propósito falar sobre a relação afetiva que se estabelece, entre quem ensina e quem aprende. Outras considerações sobre a situação atual dos professores, também não iam mal; fica para a próxima]

O meu palpite, foi certeiro às ganas de reencontro do rapaz, que se empenhou em testar a hipótese com perguntas e comparações de todo o tipo. Agarrado a uma certeza de pés de barro, foi amassando e moldando, para me fazer coincidir, através de uma qualquer relação, com a sua estimada professora. Quanto mais ele se empenhava na confirmação, menos certa estava eu, que se pudessem juntar as pontas. Hesitei…

[aqui, era para escrever sobre a maneira como se escolhe aquilo em que se quer acreditar, ou como a verdade pode ser uma construção pessoal; fica para a próxima] 

Como pessoas, são pessoas, por muito que se investiguem diferenças, serão sempre inúmeras as afinidades. Haja vontade de reconhecer ligações e elas acontecem! O que me custa confirmar?

A tudo, disse sim. Agora, se não somos amigos, estamos, pelo menos, mais próximos. 

[Aqui, podia desculpar esta redação que não diz coisa alguma, nem tem propósito nenhum, como sendo um exercício de escrita (esquisita). Bem me podia ter esforçado, para escrever um textinho em condições; fica para a próxima]

 

Nota: O título, é só para armar aos cucos, que eu nem gosto de títulos com muitas palavras.

 

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