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Não importa quanto tempo já passou. Recordo, claramente, esse dia. As flores na jarra, antes de sair, a promessa de voltar contigo, a surpresa de ver afastarem-se os cuidados constantes, o conforto da recompensa com iguais cuidados. Não importa quanto futuro possa ainda vir, enquanto me mantiver inteira, vou guardar esse dia.
O meu corpo pequeno junto ao seu peito, o xaile que nos unia, os passos pelo corredor, a porta a abrir, o pássaro na gaiola.
Não sabes de que pássaro falo?
Ouviste contar tudo o que fizeram para que eu não partisse, e sabes que podíamos nunca nos ter cruzado, mas nunca te falaram do pássaro?
Soltei-o, assim que voltei à vida. Pequena demais para reconhecer a alegoria, ainda hoje me espanta o paralelismo. Queria o pássaro para mim por isso deixei-o voar, depois chorei.
Faço as contas da minha culpa, estremeço ao perceber que só resto eu para guardar a memória desse dia. De tudo me recordo mas não és tu o centro. Uma ave, sem nome, tomou conta do que devia ser teu. Éramos poucos mas éramos tudo. Tão cedo, só ficámos nós.
Queria tanto dar-te justificação para a minha falha. Desculpa, minha irmã.
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