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Procurei abrigo no detalhe para me proteger da intensidade do estímulo. Sei bem que, nestas coisas de me perder, a origem está para além dos olhos e da luz.
Junto à porta, vejo um casal imobilizado pelo turbilhão inicial. Recuperam avançando com passos irregulares, ondulando arrebatados pela qualidade do brilho, rodopiando fascinados pela quantidade exuberante das formas.
Imaginei que pudessem acrescentar ao deslumbre, o respeito silencioso da devoção piedosa. Cheguei a supor que neles se tivesse restaurado, inteiro, o efeito original, e que a contemplação dispensasse as palavras para as fazer substituir pela emoção.
Alternando volteios e espanto, aproximavam-se. O homem cumprimenta com um ligeiro aceno de cabeça, a mulher abeira-se um pouco mais para me revelar a sua experiência:
"Isto está lindo!
Está lindo de c#r@!hø!"
Posso estar longe, mas estou em casa.
Se os tempos não fossem o que são e se eu não fosse o que sou, garanto que os teria abraçado.
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