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Podia falar por horas e reforçava o que dizia, com gestos largos e voz grave.
O assunto era recorrente e quem já estava habituado resistia aos tiroteios intensos dos ataques surpresa, abrigando-se por detrás do estirador.
Eu, que tinha chegado há pouco, via a firmeza do traço sacudida pelas explosões repentinas. As descrições sangrentas salpicavam a película com manchas de tinta e os quilómetros em marcha sob sol escaldante, interferiam com o rigor milimétrico dos cálculos.
Era impossível ficar indiferente: inquietava, doía, arrastava para um passado que não era meu. Repetia, em silêncio:
"Não quero! Não quero!"
A minha recusa era imatura, incapaz de compreender o funcionamento de uma máquina obsoleta, alimentada pelo horror da memória. Mas estava a começar em campo aberto, e não podia falhar na leitura do projeto sem perguntar porquê.
A resposta foi breve
"Porque volto lá todas as noites!"
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