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Elogio

por esquisita, em 14.09.23

 

Assim como quem salta de poldra em poldra só por distração, (talvez nem tão ingénuo seja o divertimento) vou rolando comentários, sem conseguir alcançar margem nenhuma. A nascente era clara, mais do que evidente me pareceu a intenção de louvor. Como é que de um límpido riacho, se faz um imenso lamaçal?
Mas o que é isto?

Chega o turista, vê e gosta, prova e aprova, sente-se bem. Ao partir, resolve dar ao mundo conta do seu agrado, e partilha postal a condizer. Até aqui não há novidade, e podia sair bem na fotografia, não fosse o percalço de lhe juntar a legenda fatal. Bem sei que por estes lados para irritar um conterrâneo, basta que o forasteiro bem intencionado, lhe gabe a terra ao dizer que esta é a "outra" Portuguesa, mas será caso para tanto?
O comentador número um, logo tira da manga a réplica tradicional e sem mais nem porquê, manda inverter a ordem – Que seja "a outra" a nossa Italiana! Ainda vem brando e a medo, mas como na corrida do comentar e asnear, o mal vai de começar, está dado o sinal de partida, para que se soltem as feras. Ele é tudo e mais um queijo, sem propósito nem cabimento algum. Do arrastar das obras à razia das árvores, do João Afonso a caminho de ser apeado ao Soldado arredado no pedestal, ainda cabe o buraco da capela a par com a buraqueira infinda para dar lugar ao estacionamento. Pelo meio, alguém alerta para a má imagem e triste figura, mas já não há quem se importe com a origem do protesto. O importante é protestar. Nem a explicação da alergia ao slogan, por remoto braço-de-ferro entre a Propaganda e os locais, consegue mais do que um par de corações. Segue a rusga para o cinema que já não é, nem há, mais a cor da fachada que desagrada, entre o presidente abaixo e acima e os varredores a faltar, um desvio para o património que se deixa cair, o mal das licenças mal passadas, os horários da insónia, até os engarrafamentos no canal, e assim por diante, mais e mais, até fartar. O rol completo do livro de reclamações, em resposta a um elogio.

Mas o que é isto?
Dizem que é assim mesmo, são as redes, o melhor é não ligar. Quase me escorrega o pé em algum seixo limoso. Digo de mim para mim, se esta é a rede, melhor será rever os nós.

 

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7 comentários

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Carlos Palmito a 14.09.2023

Antigamente, tinha tempo e vontade de analisar os nós, ver os comentários.
Hoje, nem para tal tenho força... não quero... por mais que alguns me façam rir, outros quantos fazem com que deseje a extinção humana... ou, pelo menos, a extinção informática.

Todo o mundo é bom a reclamar, e quando resolvem a sua reclamação, reclamam disso mesmo. Reclamar... ah, tantas grades de cerveja que se gastavam nos reclamanços, mas hoje até um fedelho de 5 anos vem dar postas de pescada sobre um cirurgião.
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esquisita a 14.09.2023

Credo, Carlos! Descrês na humanidade, ao ponto de lhe desejar a extinção, ou é mesmo só falta de pachorra para compreender o incompreensível?
Somos (todos) assim
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cheia a 14.09.2023

Nestes tempos maravilhosos, em que temos redes, por todo o lado, o melhor é não pôr o pé no seixo limoso, porque podemos ser julgados e condenados, na praça pública, sem direito a recurso.

Boa tarde.
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esquisita a 14.09.2023

São redes muito dinâmicas, que se fazem e desfazem a cada passo, sem saber que peixe hão-de pescar. O que hoje é julgado e condenado, amanhã pode ser enaltecido e vice-versa
Continuação de um bom dia
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Maria Pinto a 17.09.2023

Em Portugal, de uma forma geral, protesta-se muito e elogia-se pouco. Bem sei que a realidade atual não agrada muito, mas como sou daquelas pessoas que gosta de olhar para o copo e vê-lo meio cheio...
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esquisita a 18.09.2023

Olá Maria! Não sei se é só em Portugal
Tudo a correr bem, neste início de semana
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Anónimo a 18.09.2023

Uma boa semana para si, também

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