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Estou sentada ao sol, gosto do sol, mas já se esgotou o tempo.
"Outro?"
"Não! Eu consigo fumar o mesmo, duas vezes!"
"Tens a certeza?"
Continuo sentada ao sol, mas já voltei para dentro.
Enquanto fumo mais um cigarro, disfarço a minha ausência. Não compreendem silêncio, julgam que é sombra. Se as palavras fossem minhas...
"Não tenho certezas
Não, não tenho certezas.
Se era esse o canto que vos atraía,
Deixai-me só nesta melancolia
De baixo, aberto e liso descampado
Quero viver, quero morrer, e quero
Que ao fim a soma seja um grande zero
Do tamanho da ardósia... E apagado.
Mas são desejos da fisiologia...
Vagas aspirações do dia-a-dia
Duma bilha de barro
Que não vale um cigarro
Que se fuma.
Não, não tenho certezas;
Tenho bruma."
Miguel Torga, Diário V
… certeza, não tenho, mas procuro!
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