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Os males do mundo

por esquisita, em 24.06.25

 

O Ligório da drogaria tem a porta fechada, vai para um mês. Diz o papel, ENCERRADO POR MOTIVO DE DOENÇA…

 

Não lhe vou dizer, como se ouve cada vez que acontece uma desgraça, que com esta idade não tenho lembrança de uma coisa assim. Também não estamos a falar das cheias ou dos incêndios, pois não? Ou será que estamos? Nem lhe vou repetir que não há palavras para descrever. Palavras há-as sempre, podem é ficar acanhadas na garganta por não se acharem obscenas o suficiente para tamanha enormidade. Se fosse para lhe dizer que a humanidade está à beira do fim, já que o homem é o mais reles dos animais à face da Terra, teria que ser outro bicho que não humano, e assistir do lado de fora à miséria humana. De maneira que não tenho outro remédio senão aceitar ser gente, fazer parte, ter voz e memória. Lembro, sim!  E se uma vida inteira não chega, para alguma  coisa deve servir essa coisa a que chamam a memória coletiva.

Não sei se me está a perceber, porque eu ainda não lhe disse coisa nenhuma.

 

… e acrescenta, CONTACTAR XXX XXX XXX. (Não divulgo o número, porque senão o homem não tinha sossego com tanto telefonema a desejar-lhe as melhoras)

 

 

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A bomba

por esquisita, em 13.06.25

 

Dar à bomba para fazer a água correr na bica até que se encha o tanque, é motivo de disputa. Mães e avós, não querem guerras nem se metem ao barulho. Arranjem maneira de se entender, procurem forma de compartir.

Não vem ao caso o argumento da posse, já que a bomba não é de ninguém e ainda que fosse, serve a todos. O mesmo se aplica ao baloiço. Só há um, tem que ser partilhado, quer seja com irmãos, amigos, vizinhos, ou mesmo com o desinfeliz que resolveu usar a ferramenta do pai para fazer melhoramentos no outro baloiço e o deixou sem préstimo algum.

A solução tem que estar para cá de Roma, ou passa-se a manhã toda à batatada e ninguém dá à bomba. Em acordo corriqueiro, establecem-se duas condições: esperar a vez – não é necessário fazer fila, basta dizer primeiros, segundos e por aí adiante – e não demorar mais que o razoável.

A água vai correndo da bica para alagar o tanque. 

Então chega a vez de alguém que por pirraça, manda o combinado às urtigas. É a sua vez, está no seu direito e dali não sai sem antes secar o furo ou desengonçar o baloiço de tanto se abanar.

Há sempre um mete-nojo qualquer que consegue sentir tão grande satisfação em dar à bomba como em impedir que os outros o façam.

À tarde, depois da roupa lavada, todos tomam banho na barrela. 

 

 

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