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Tenho fraco sentido de oportunidade e insuficiência de vocação para conselhos avisados. Se não digo, é porque estou calada. Se falo, não digo nada. Ninguém perguntou, mas cá vai:
Sei, de fonte segura, que a mulher do coveiro vai à feira vender sapatos de defunto a quem os quiser comprar.
Sabemos todos que, por muito que nos cresça o rei na barriga, não fomos tidos nem achados quando se estabeleceu a ordem de nascer, crescer e morrer. Contra o que está determinado, nada podemos, e ainda assim, no meio tempo, acreditamos que do fruto que cai da árvore, pode nascer uma árvore melhor. Mas voltemos ao enterro.
Se, a meio do serviço, virem o coveiro pousar a pá para endireitar as costas e limpar o suor da testa, saibam que esse é o momento de lhe pagar.
O ano está com os pés pra cova, e já lá vem outro, a estrear, novinho em folha. Façam festa, comemorem, mas tenham atenção aos sapatos, quando se forem enfarpelar!
Coisa triste, primeiro Natal de orfandade
Coisa feia, ir cortar pinheiro à mata
para o fazer coroar com estrela de cartão
Por sorte, a fortuna antiga entope a pia
Fica a cozinha alagada, como manda a tradição
Vem o pastor, mago da chave inglesa
e as suas ovelhas com pezinhos de lã
Vem a lavadeira, de mangas arregaçadas
traz rodo e panos do chão
Secam as águas
Toca a banda uma marcha desafinada
ainda mais azul
Coisa estranha, que não se suspenda o Natal por falta
Coisa boa, o que ficou
Desconfio sempre da autenticidade das tabernas que se intitulam como tal. Taberneiro que é taberneiro, faz orelhas moucas ao dos Cornos ou ao Porcalhão que lhe dá fama, e batiza o estabelecimento com nome que o dignifique, como por exemplo Adega Típica ou Petisqueira. Sim, eu sei que ser autêntico está em alta, e é feio desconfiar da qualidade intrínseca de quem se proclama genuíno.
O mais provável é estar a tornar-me jarreta, mas, alguma vez, viria o Manel da Badalhoca receber-me à porta, para me pôr a par do Conceito de Taberna, que tem para me oferecer!?
Palavras que não são minhas. O seu a seu dono:
Raul Brandão, Os Pobres
Hans Christian Andersen, A Rainha da Neve
José Cardoso Pires, O Delfim
Gabriel García Márquez, O Amor nos Tempos de Cólera
El Mandarin, Pudim Flan
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