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Opinador?

por esquisita, em 26.07.22

 

Opinativos opinantes,
fazedores de opinião pública?
Engolidores de público seguidor de opinião?
Quanto mais ecoam, mais cresce a espiral...
Mas que raio, é um opinador?!
... e o silêncio avança!

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Bolos

por esquisita, em 25.07.22

 

Vamos dizer que bolos, são só lambarices, que abrem buracos nos dentes e fazem bichas nas tripas. Vamos fingir que isso dos bolos é tudo a mesma coisa e que de onde vêm ou quem os faz, pouco importa…

Contorna o balcão, para acompanhar até porta, e mais uma vez, felicidades e cumprimentos à família. Serão entregues. É uma simpatia, este senhor, todo ele cuidados e atenções para satisfazer a freguesia da sua, bem conceituada pastelaria.
Vai a caixa mais o bolo, pelo caminho, equilibrada com mil cuidados e ovos frescos misturados no açúcar branco, na alva farinha fina, manteiga derretida. Tudo na conta, peso e medida, que a perícia do pasteleiro, sabe transformar numa delícia.
Era o primeiro, sem o ser. Da pastelaria, já se provou a qualidade e lá se satisfez a gulodice, muita vez. Para este fim era o primeiro e terá um gosto estranho a coisa estranha, vai enrolar na boca, vai arranhar na garganta, já o pressinto!
Ao chegar a casa, sai o prato do armário, o de sempre, de porcelana com flores pintadas e estende-se a toalha do costume, bordada com flores iguais, e tudo o mais, que se junta em cima da mesa, à volta do bolo, que é o centro.
Tudo é tão igual e tão diferente!
Todos são os mesmos, mas não todos.
Elogios às rosas de açúcar e pérolas prateadas, às amêndoas finamente lascadas e os parabéns ao nome em arabescos de chocolate. Uma beleza!
Já nem os bolos são assim… Nem nunca o bolo assim tinha sido, porque era o primeiro e terá um gosto estranho a coisa estranha, e está na hora de provar que bolos são só lambarices…
Mas que tem o bolo?
Tem tudo, é muito doce, muito bonito! É altura de fingir que isso dos bolos é tudo a mesma coisa… sabe muito bem… só não tem o calor do forno, nem gosto das mãos da minha mãe.
Era o primeiro, e mal o provei, já o sabia, não passa na garganta!

 

 

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Ordens do pequeno senhor Pequeno

por esquisita, em 20.07.22

 

Ligue ao Zé Ninguém, para que venha aqui resolver isto, num instante! O Zé foi de férias, pequeno senhor!...LIGUE!…Diz que apanhou a carreira das 7, e vai a caminho da terra… Ele que chegue aqui, que isto é coisa de pouca monta… Pede desculpa, mas não é possível, já vai longe!...Isto resolve-se em dois tempos, depois vai à vida dele… A esta hora, já vai para lá do sol posto… E então!? Ele que volte agora, que não se vai demorar!...É melhor, ser o pequeno senhor Pequeno a falar com ele… Era o que mais faltava! Ele que venha, ele que venha e depois falamos!...Diz que mesmo que quisesse, não tem como voltar, e que o Engenheiro das Obras Feitas e o Doutor Sabe Tudo estão a par do assunto, podem resolver o problema… Esta agora! O Zé Ninguém a dizer-me como é que EU me hei-de orientar! Ele que venha cá, IMEDIATAMENTE!... Com o devido respeito, pequeno senhor Pequeno, o Zé está a mandá-lo pró... DESLIGUE! DESLIGUE! DESLIGUE! 

Já aqui falei do pequeno senhor Pequeno, de maneira mais amarga, mais próxima do Limite

Hoje a dose foi mais suave!

 

 

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Ainda!

por esquisita, em 16.07.22

 

Comecei a escrever um texto para estabelecer a ligação entre a Pedra de Roseta e esta música, mas a relação pareceu-me tão óbvia, que desisti!

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Ninguém

por esquisita, em 14.07.22

 

Ninguém viu, não houve nada,

Está quieto!

Fica calada!

Nem um só

amigo,

conhecido,

uma qualquer alma penada

capaz de olhos de ver

E sem que se veja coisa alguma,

o que há?

Nada!

Acaso alguém ouviu?

No quintal,

paredes meias,

nem vizinha, 

nem gente estranha 

Ninguém!

Pois se ouve, 

pois se houve…

Não dei conta!

Arrancadas as telhas

do telhado,

derrubadas as paredes,

não sobram tábuas

ao soalho

O que resta?

Nada!

A terra engole a casa…

Como é Possível!

Um horror!

Vou dizer que foste tu

Vais dizer que a culpa é minha

Vão dizer e vão falar

 Já esperava!

 Eu bem sabia!

Vão lavar as mãos

em palavras,

e encher a boca vazia,

com o que não

viram, nem ouviram 

E agora que é tarde,

não conseguem calar!

 

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Olhar

por esquisita, em 08.07.22

 

Estou a olhar para os dedos dos pés. São dedos de menina. Pequenos e redondinhos, brancos, suavemente rosados ao redor das unhas, como gotas de água pura, em pálidos tons de rosa. Pousados ao fundo da cama, descansam de tanto correr pelo tecto. É um tecto sem idade. Grande e rectangular, branco, ligeiramente cinzento junto aos cantos, como espelho de água parada, em deslavados tons de cinza.
Estou a olhar para os dedos dos pés com os olhos de mulher que correu mundo no tecto do quarto, enquanto menina. Pergunto-lhes, quanto os marcou o isolamento, quanto lhes doeu a caminhada da cura?
Destes dedos dos pés de menina, eu mulher e o branco tecto, sabemos agora o que então sabíamos:
Querem tocar o chão das outras crianças e correr no mundo delas.

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Ai que desgosto!

por esquisita, em 06.07.22

 

Afina a voz da desgraça,
em jeito d' ave de arribação,
no tom arrastado e dorido,
de quem se sente ferido
pelo golpe de mil pássaros,
rasgando-lhe o coração
Vem cantar-me ao ouvido,
tão choroso e sofredor,
o velho fado, já tão batido
da má sorte, triste sina,
Pequeno Desgosto de Amor
Nas voltinhas do lamento,
mudam-se a maré e vento,
e de amar, já se esqueceu
Pelas ruas da amargura
perdeu-se na ordem trocada,
o amor, quer-o pequeno,
mas faz gosto em grande dor,
melhor lhe serve a toada,
Desgosto de Pequeno Amor!

 

 

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Ponteiro

por esquisita, em 01.07.22

 

O problema está no ponteiro. Sem ponteiro, o tempo passa e não se vê. Conserta-me aqui o ponteiro, que os minutos não me chegam para saber que horas são. Isto é coisa muito antiga e de valor! Antes de mim, dos meus pais e antes dos meus pais, dos pais deles, e por aí adiante, mas ao invés… Têm lá calma que ainda atiras o relógio para antes do princípio do tempo! Quero eu dizer, que vem detrás e fazia gosto de o mandar lá bem para a frente, para quem vier depois! Que o recebeste de um tempo que já não há, e contas que chegue a um tempo que não existe! Deixa-te lá de filosofias e vê se me consegues compor o ponteiro! Tens aqui o bocado que se partiu… Trabalho de relojoeiro, eu sou só um amador! Já corri tudo, relojoeiro não há. Estragou, avariou, deita fora e compra outro. Não há vagar, não há tempo! Então o ponteiro não faz falta, se não há tempo para contar. Desconversamos, outra vez? Que castigo! Vou ver o que posso. Isto trabalha? Certinho como um relógio! Vai-te… Não te chateies e desenrasca-me o ponteiro ! Está parado! Falta-lhe a corda. Vou ver se te safo isto da melhor maneira. Deixa a chave. Não a tenho! Nem antes de mim os meus pais, nem antes dos meus pais, os pais deles, e por aí adiante, mas ao invés…

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