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Senta-se na beira da cama. A mão a contornar a cabeça, da testa até à nuca, para depois reproduzir o arco nas costas. Os braços apoiados nos joelhos afastados, as mãos suspensas
Tudo passa ...
a baloiçar, até os dedos se encontrarem. Avaliados com cuidado, um a um, que cada um é único, são ordenados na ordem a que não podem fugir.
Pouso a mão no seu ombro e ajoelho-me a seus pés ...
Fazemos contas à vida?
para poder ser o chão que pisa.
Ergue a cabeça, sorri
Dedo mindinho,
seu vizinho,
pai de todos,
fura bolos,
mata piolhos,
Estão feitas as contas...
Depois rimos. Rimos muito e com vontade, com prazer, com dor, com medo e com raiva. Sem certezas mas a saber que tudo passa.
Diz-se que desistir é fácil! Que desistir não constrói, e que só acrescenta vazio onde poderia nascer obra. Mas, quantas vezes se consulta Desistir no dicionário das fraquezas em busca de sentido para aquilo que nem sequer foi tentativa? Para desistir faz falta um começo, depois, talvez se possa culpar o Fácil... se este for, já e sem esforço.
Fácil não é, certamente, persistir sem nunca desistir. Dar rumo à vontade e crédito ao tempo, manter firme o empenho, pode ser trabalhoso. Mas é, essencialmente, com trabalho que se alcançam as pequenas conquistas, que somadas levam à superação. Em cada obstáculo, descobre-se o sabor do desafio.
Ainda assim, aqui o Nunca faz a diferença, porque pode tornar o desafio numa guerra, onde se esquece causa. Chamam-lhe teimosia, obstinação...
Também se diz que é preciso saber desistir! Que desafio maior será reconhecer o limite sem que se imponha como limitação.
Será fraqueza desistir?
É a vez do Saber... e eu, quantas vezes, não soube!
Quando certas frases são atacadas pela ironia, tornam-se horríveis. É o caso da expressão "Amor com Amor se Paga", usada como sentença de reparação.
Não nego frequentar sentidos incertos e não reclamo inocência à ironia, mas quando Amor deixa de ser Amor para que na paga se apure o sabor da desforra, sinto a Justiça arranhada e distorcida. As palavras ficam sujas pela vingança e o sentido contaminado pela mesquinhez.
Se é para magoar, que seja com lealdade. Talvez a verdadeiramente gelada: "Quem com Ferros Mata, com Ferros Morre", seja mais justa. Neste caso não restam dúvidas, pretende-se curar o mal com o mal, usam-se as palavras fatais da desgraça e poupa-se o Amor.
"Dantes é que era bom!"
Pois sim, porque hei-de duvidar?
Mas...e se hoje puder ser melhor?
Haja vontade!
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